domingo, 4 de outubro de 2009

Casamento - Curiosidades


História da fotografia
A fotografia nasceu das tentativas de aperfeiçoamento dos métodos de impressão sobre papel, dominados pelos chineses no século VI e difundidos na Europa seiscentos anos depois. Tanto Joseph Nicéphore Nièpce, o inventor da fotografia na França em torno de 1826, quanto nosso precursor brasileiro Hercule Florence trabalhavam no aprimoramento de sistemas de impressão quando tiveram a idéia literalmente luminosa de unir dois fenômenos previamente conhecidos, um de ordem física e outro de ordem química: a "câmera obscura", empregada pelos artistas desde o século XVI, e a característica fotossensível dos sais de prata, comprovada pelo físico alemão Johann Heinrich desde 1727.

Nièpce morreu antes de ver sua invenção mundialmente aclamada em 1839. Quem ficou com a glória foi o associado, Jean Jacques Mandé Daguerre, que rebatizou a héliographie (nome imaginado por Nièpce) de daguerreotypie, para ter certeza de que a humanidade não o esqueceria. Menos astuto do que Daguerre, Hippolyte Bayard, o primeiro a fazer uma exposição de fotografias, em 24 de junho de 1839, foi quase totalmente esquecido. Ele anunciou seu processo pelo menos dois meses antes do lançamento oficial da daguerreotipia. Amargando o ostracismo, Bayard revidou com uma sarcástica auto-denúncia afirmando que "o governo, que tanto havia dado ao Sr. Daguerre, alegou nada poder fazer pelo Sr. Bayard e o infeliz se afogou..."

Como muitas outras grandes invenções, a fotografia teve muitos precursores espalhados por diversos países. William Henry Fox Talbot foi um deles. Inglês, ele foi o inventor do " desenho fotogênico", em 1835, comercializado com o nome de calotipia. A diferença básica entre a calotipia e a daguerreotipia é que a primeira produzia um número ilimitado de cópias sobre papel, a partir de um negativo igualmente de papel, enquanto a segunda gerava uma imagem única sobre uma placa de cobre revestida de prata polida. A calotipia obedecia, portanto, à natureza intrínseca da fotografia: a reprodutibilidade; a daguerreotipia aparentava-se conceitualmente à pintura por seu caráter de imaginação única e , conseqüentemente, rara. Não é de estranhar, pois que a daguerreotipia tenha obtido sucesso fulgurante junto à burguesia emergente, a vida por símbolos de status capazes de ter seus perfis eternizados pelos pintores.


Mas a daguerreotipia dificultava a fixação da imagem humana, porque exigia longo tempo de pose para a exposição da placa. Por isso, os estúdios dos retratistas só começaram a proliferar em 1842, depois que o aumento da sensibilidade das placas e a introdução da objetiva desenvolvida por Joseph Petzval (dezesseis vezes mais luminosa do que as utilizadas até então) rebaixaram o tempo de pose a um ponto suportável - os quinze minutos de exposição ao sol necessários em 1839 caíram, então, para somente vinte ou quarenta segundos. A partir daí foi a explosão: somente na semana da morte do príncipe Albert, da Inglaterra, foram vendidos 70 mil retratos seus!

Geniais pioneiros da fotografia continuaram lutando para expandir os limites de sua aplicação com ousadia e criatividade. Ironicamente, um desses homens foi dos maiores retratistas de todos os tempos, o célebre Nadar (Gaspard-Félix Tournachon), amigo e companheiro do escritor Júlio Verne, responsável por duas proezas aparentemente antagônicas: a primeira fotografia subterrânea, em 1858 e 1861, respectivamente. Igualmente pioneiro da conquista do espaço, Nadar fotografou Paris de 520 metros de altura a bordo de seu balão Le Géant, o maior jamais construído até hoje. Para tirar as primeiras fotografias subterrâneas nas catacumbas de Paris, ele inovou duplamente, pois esta também foi a primeira vez em que se usou a luz elétrica para iluminar a tomada de uma foto. Como o tempo de exposição das lentas placas de colódio úmido chegava a dezoito minutos nas catacumbas, impossibilitando o uso de modelos vivos, Nadar apelou astuciosamente para manequins, para simular a presença humana.

Quando examinamos retrospectivamente a história da fotografia, não podemos deixar de nos impressionar com a inventividade demonstrada por alguns pioneiros na superação das limitações técnicas dos precários processos fotográficos do século XIX. Caso não existissem provas concretas, seria difícil acreditar, por exemplo, que John Benjamin Dancer tivesse sido capaz de fotografar um documento através de um microscópio em 1839, desbravando uma senda que o fez pioneiro da microfotografia e da microfilmagem.

A redução do formato das câmeras foi um dos objetivos mais ardentemente procurados pelos fabricantes. Em 1888, surgia a Kodak com o tentador convite "aperte o botão, nós faremos o resto". Em 1924 seria a vez da Ermanox, com negativos de vidro de pequeno formato, e da Leica, empregando filme flexível de cinema de 35 milímetros. Com a Ermanox, Erich Salomon pôde captar aspectos reservados das reuniões de cúpula dos dirigentes europeus, inaugurando um novo estilo de comentário político na imprensa. A Leica permitiu que Henri Cartier-Bresson criasse uma nova escola fotográfica, baseada na habilidade em prever antecipadamente o desdobramento de uma ação e de registrar rapidamente este desdobramento no momento em que todos os elementos constitutivos da imagem estivessem em sua configuração mais expressiva. Este sistema, conhecido como "instante decisivo", ainda é hoje o de maior penetração e influência entre os fotógrafos de todo o mundo.

A reprodução das cores foi aspiração simultânea ao aparecimento da fotografia, levando muitos a colorir daguerreótipos, numa tentativa de remediar a ausência sentida. O primeiro pesquisador bem-sucedido neste setor foi Nièpce de Saint-Victor, sobrinho de Nicéphore Nièpce, responsável pela obtenção de daguerreótipos com tênue coloração. Foi somente em 1869 que Louis Ducos du Hauron e Charles Cros chegaram simultaneamente, e sem conhecimento prévio das pesquisas um do outro, a resultado idêntico para a produção de imagens coloridas.

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