quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vida


A verdade sobre ter 30 anos
O que esperar agora dos homens, da carreira, das mudanças no corpo.

Bater na porta dos 30 gera mesmo altíssima expectativa para qualquer mulher. O que se perde? O que se ganha? O que esperar agora dos homens, da carreira, das mudanças no corpo? Nossa editora Daniela Folloni, que entrou para o clube há menos de três meses, expõe suas fraquezas e forças.
Um dos primeiros atos da minha estréia no mundo das balzaquianas foi pedir: "Tudo, menos ser chamada por essa palavrinha!" Sei lá se é bobagem, mas me remete aos tempos em que ter 30 anos era assinar atestado de solteirona, encalhada, mal-amada. Credo! Ok, admito que fazer trintinha significa:
1. Temer que o bumbum despenque de repente.
2. Achar que os pés-degalinha vão aparecer na festa sem ser convidados.
3. Cobrar-se por não ter achado o homem ideal...
4. ...ou por ainda não ter casado com ele. (Quem já juntou os travesseiros, como eu, pensa em bebês — e na responsabilidade que eles trazem.)
Mas também significa fazer uma comemoração daquelas, como a que armei com minha amiga Lu, outra sócia recente do clube. Na manhã seguinte, estava acabada (bons tempos em que a energia para as baladas dava e sobrava). Então, busquei no espelho rugas denunciadoras. Nada. Virei de costas. O bumbum estava lá: nem tão duro quanto gostaria nem tão caído quanto receava. Aliviada, fui tomar café. Será que as calorias deste bolo valerão por três a partir de agora? Por via das dúvidas, troquei por uma fatia de mamão. No dia seguinte, voltei para o bolo decidida a curtir a nova década sem tanta neura.

Revisão autoprogramada

Minha primeira — e inevitável — experiência foi fazer um checklist: estou feliz no amor? Cheguei aonde quero na carreira? Conquistei meu primeiro milhão? Comprei meu sonhado apartamento? Sei o que quero da vida? E por aí vai... Atitude, segundo os experts, nor-ma-lís-si-ma. A gente se sente mesmo impelida a fazer uma retrospectiva para assinalar aquilo que já foi preenchido. Os 30 parecem a idade-símbolo de pensar no que você conquistou até agora, no que deseja daqui para a frente. Inevitável comparar a Dani de 20 com a de 30. E perceber que a vida tem uma mágica que faz com que as perdas de um lado sejam compensadas por ganhos de outro. "Minha cabeça é diferente da que me guiou no início da vida adulta. Me preocupo menos com o que os outros vão dizer e isso me deixa muito mais feliz", conta a gerente financeira Luciana, de 30 anos. Já a coordenadora de suporte de informática Andreia, de 30 anos, se sente menos ansiosa: "Estou mais tranqüila e tenho vários planos. Não faço tanta questão de casar, mas ter filhos é um sonho que pretendo realizar". Outro benefício que coloco na balança é a maturidade. Ela me deixa mais centrada. E ameniza aquelas guerras bobas que travava comigo querendo ser mais ou menos divertida, mais ou menos corajosa, mais ou menos sexy, mais ou menos frágil do que sou. É tão mais fácil assumir os pontos fracos e lidar com eles numa boa, não acha? Bem, estou tentando e... adorando! "Aos 30 é que o jogo começa a ficar bom", disse o jornalista Adriano Silva no texto que escreveu para NOVA em janeiro de 2002, Ode à Mulher de 30 (e que virou spam na internet de tão lido). Ele está coberto de razão!

O homem que cai bem

Você deve ter reparado que a palavra amor estava na primeira pergunta do meu checklist, e não é por acaso. A maioria das mortais, e me incluo nesse grupo, sonha com um homem para chamar de seu. E, quanto antes ele chegar, melhor, certo? Errado... ao menos no meu caso. Grande parte dos rapazes por quem me apaixonei lá atrás não me serviria agora. Pode parecer frustrante a princípio, mas considero sinal de evolução. Afinal, quanto mais me conheço, mais sei do que preciso. E, sabendo do que preciso, deixo meu filtro mais apurado. Por isso, meu marido tem pouquíssimo a ver com qualquer paixão platônica que me consumiu nos tempos da faculdade. E combina demais comigo! Quer motivo melhor para preferir casar mais perto dos 30 do que dos 20? Mais chance de acerto.

A mulher de 30 solteira pode não estar 100% feliz por ainda não ter encontrado o homem ideal. Mas uma coisa é certa: perde menos tempo com o tipo errado. Descobriu que não precisa agüentar falta de atenção, histórias mal contadas ou sexo de baixa qualidade. Ficou seletiva — e como! "Graças a essa bendita exigência, analiso bem quem se aproxima", conta Claudia, de 30 anos, supervisora de vendas. "Se exagero às vezes? Melhor assim, pois não me envolvo com qualquer um." Segundo a neuropsiquiatra Louann Brizendine, autora de Como as Mulheres Pensam (Campus), nosso olho clínico está apurado para escolher: "A mulher nessa idade tem mais vivência, e os insights surgem sinalizando o que é bom e o que não é", explica ela. É como saber, enfim, qual roupa cai bem em você. "Já passei por experiências amorosas de vários tipos: fortes, tênues...", fala Daniela, de 32 anos, relações-públicas. "Com isso, sei bem o que não quero de uma relação, de um parceiro. Não preciso estar com alguém somente por estar... Dou mais valor ao que sinto, e não ao que esperam de mim." O coração agradece.


Lei da gravidade, anti-rugas e cia.

Falando em agradecimento, adorei ouvir dos meus amigos, na festa de aniversário, que não pareço ter 30. Ainda assim, venho investigando cada centímetro do meu rosto em busca de uma dobra na pele suspeita. Aliás, antes mesmo da inspeção, já havia adquirido meu primeiro creme anti-rugas. E mais outro para o contorno dos olhos. Melhor me antecipar do que correr atrás do prejuízo... E, me diga, quem consegue comer o bolo do próprio parabéns tranqüilamente ao saber que o metabolismo vai ficar mais lento e... que o jeans poderá não mais fechar? Esses fantasmas do espelho assustam! Em contrapartida, me sinto emocionalmente mais preparada para lidar com eles. Ficou mais fácil, por exemplo, determinar quando é hora de aquela porção de fritas tirar férias do meu prato. Caio em tentação menos vezes. Também encarei a verdade: não, minhas coxas nunca serão sequinhas como as da Gisele Bündchen. E passei a pensar como a médica Iara, de 34 anos: "O corpo já não esbanja a firmeza dos 20, mas eu procuro tirar proveito dos pontos fortes. E, assim, me sinto mais bonita do que antes". A auxiliar administrativa Alessandra completa: "Estou amando os meus 30 anos, mesmo sabendo que minha pele não tem a mesma elasticidade e ganhou linhas de expressão". E, quando baixa a auto-estima, dá para levantar o moral bastando olhar para as incríveis trintonas Angelina Jolie, Cameron Diaz, Nicole Kidmann, Maria Fernanda Cândido, Ana Paula Arósio, Angélica, Ivete Sangalo...

Camisinha ou mamadeiras?

A propósito, Angelina já é mãe, Nicole e Maria Fernanda Cândido também. Ivete, Cameron e Ana Paula não. Ter ou não um bebê? E quando ter? O alarme do relógio biológico começa a apitar mais alto. De uma hora para outra, a conversa mais polêmica na mesa de bar é sobre as agruras e delícias de educar uma criança nesse mundo louco de hoje! Ainda estou em cima do muro. Se vejo um baby fofinho numa propaganda de fraldas, já imagino meu barrigão. Mas basta passar por uma mesa de restaurante cheia de crianças bagunçando ou chorando para me dar vontade de... partir para uma temporada de esqui a dois! Nada mais natural querer curtir os últimos momentos de enfim sós, não acha? Enquanto algumas de nós continuam ensaiando, outras estão de mamadeira na mão e se sentindo mais completas. "Quando você se torna mãe, ganha mais inteligência emocional para aplicar nas relações e no trabalho", opina a expert Katherine Forget, autora de The Mommy Brain (O cérebro da mamãe). Prometo analisar a questão sob esse ângulo.

No balanço das mudanças

Também prometo não me acomodar com o que já conquistei. No início dos 20, corremos atrás de metas preestabelecidas pela sociedade: fazer faculdade, conseguir emprego, namorar um cara bacana... Aos 30, quando começamos a colher os louros daquilo que plantamos, ir além só depende da nossa iniciativa. Investir num MBA ou se dedicar à relação? Batalhar por um cargo executivo ou abrir um negócio próprio? Fazer ou não uma plástica? Decidir novos rumos dá um frio na barriga... Que o diga a assessora de marketing Daniella, de 30 anos: "Planos não faltam. Mas isso dá um piriri na cabeça da gente!", conta. Nem por isso sinto vontade de voltar atrás. "Não tem stress nem barriguinha que estrague a gostosa sensação de ser a dona da minha vida, a atriz principal do meu palco", decreta Tatiana, de 31 anos. Então, se você anda preocupada com a chegada dos 30, relax, baby. Ela traz tantas possibilidades que você vai é comemorar.

Fonte: Revista Nova


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